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Zé Pelintra chegou.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Umbanda e Quaresma



Autor: Lara Lannes
Equipe Genuína Umbanda 

Falar de Umbanda e Quaresma é um tema instigante e polêmico na medida em que a Quaresma, em si, não é ritual que faça parte de nossa religião. No entanto, em virtude do sincretismo religioso, muitas casas umbandistas adotam esse período como época de fechar a Casa e suspender o atendimento de consulentes e prática da caridade.

Esse fator histórico teve origem durante o Brasil Colonial, quando os senhores de engenho e de escravos tendo como base suas crenças na Igreja Apostólica Romana, durante a quaresma adotavam a prática de cobrir suas imagens e fechar suas Igrejas, entrando em introspecção pelo período representativo da caminhada de Jesus pelo deserto.

Pelo fato dos escravos serem obrigados a esconder seu culto aos Orixás através do sincretismo, convencionou-se que durante a quaresma como não havia culto aos santos católicos, também não havia culto aos Orixás, passando com o tempo a Umbanda a incorporar essa tradição, baseando algumas casas a explicação no fato de que durante a quaresma os espíritos de luz e entidades de Umbanda afastam-se do plano Terra, razão pela qual as casas umbandistas ficariam impossibilitadas de praticarem a caridade.

Era assim que os Terreiros fechavam na gira que precede o Carnaval, cruzando seus filhos com pemba e com cinza, a fim de proteger a todos dos fluidos negativos e espíritos inferiores que circulavam pelo ambiente astral do planeta, só reabrindo na Sexta-Feira Santa com a cerimônia do amaci e batismo. Fechava-se o Congá com cortinas, e cobriam-se as imagens com panos brancos ou roxos, conforme a tradição católica.

A palavra Quaresma vem do latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecede a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática data desde o século IV. Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.

As celebrações da quaresma têm início no Domingo de Ramos, ele significa a entrada triunfal de Jesus, o começo da Semana Santa. Os ramos simbolizam a vida do Senhor, ou seja, Domingo de Ramos é entrar na Semana Santa para relembrar aquele momento. Depois, celebra-se a Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira santa, conhecida também como o lava pés. Ela celebra Jesus criando a eucaristia, a entrega de Jesus e, portanto, o resgate dos pecadores. Depois, vem a celebração da Sexta-feira da Paixão, também conhecida como sexta-feira santa, que celebra a morte do Senhor, às 15 horas. Na sexta à noite geralmente é feita uma procissão ou ainda a Via Sacra, que seria a repetição das 14 passagens da vida de Jesus. No sábado à noite, o Sábado de Aleluia, é celebrada a Vigília Pascal, também conhecida como a Missa do Fogo. Nela o Círio Pascal é acesso, resultando as cinzas. O significado das cinzas é que do pó viemos e para o pó voltaremos, sinal de conversão e de que nada somos sem Deus. Um símbolo da renovação de um ciclo. Os rituais se encerram no domingo, data da ressurreição de Cristo, com a Missa da Páscoa, que celebra o Cristo vivo.

Essa é a seqüência de atos perpetrados pela Religião Católica nos rituais que envolvem a quaresma e a Páscoa. Dessa forma, por mais que esses hábitos estejam arraigados em nossa cultura, devemos ter em mente que essas práticas são católicas, não pertencendo à Umbanda.

Para nós umbandistas o que importa é que nossa casa deve estar aberta para atendimento àqueles que necessitam do socorro espiritual de nossos guias e entidades. Pelo fato de ter se convencionado que a quaresma é um período onde as entidades superiores não trabalham, acaba sendo criado um ambiente propício à instalação de energias deletérias e nocivas, próprias de espíritos atrasados espiritualmente. É por força, portanto dessa mentalização e crendice popular que necessitamos da proteção, amparo e esclarecimento das entidades que nos guardam e às nossas casas umbandistas. Não pode haver pausa no socorro espiritual, uma vez que aqueles que praticam o uso de energias negativas não tiram férias.

Temos que compreender, aprender e praticar melhor nossa religiosidade, sem nos deixarmos influenciar pela religiosidade e costumes religioso de outras religiões.

A tradição de se fechar os Templos de Umbanda quando não havia liberdade de crença, não tem razão de ser no mundo atual. Muito ao contrário, é nessa época que NÃO DEVEMOS PARAR, é nessa época em que a quimbanda maligna trabalha à vontade, que o Templo deve estar preparado para, com o auxílio das Entidades de Luz, denunciar qualquer trabalho negativo que tenha sido feito para atrapalhar seus Filhos de Fé ou freqüentadores. Atualmente, interromper os trabalhos do Templo na Quaresma é descabido, é ingenuidade, é desconhecer que os inimigos trabalham nas trevas e que, se não temos o Preto-Velho, o Caboclo ou qualquer entidade que possa nos avisar do mau feito, estaremos desprotegidos, descobertos, ou seja, nas mãos dos inimigos. É preciso URGENTEMENTE esclarecer que a Quaresma não é Afro, é hebraico-europeia, e que já não é preciso se esconder de ninguém, pois nossa Constituição nos assegura o direito à liberdade de crença e os padres já não podem mais nos queimar nas fogueiras da inquisição. Por isso, vamos abrir nossos Templos de Umbanda na Quaresma e cuidar com amor dos nossos Filhos de Fé. (Babalaô Ronaldo Antônio Linares - Federação Umbandista do Grande ABC)”

Axé

Um comentário:


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